quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Sobre o expressionismo e o arremesso de pedras

Olhou aquele Modigliani com o mesmo ponto de interrogação na testa, lágrimas nos olhos e aperto no coração que tinha ao ouvir os passos na escada. Gostava de deixar a porta aberta, mas sempre fechava os olhos ao iniciar dos passos, como quem reza ou tem medo. Desejava o barulho daquelas pedras miúdas jogadas em sua janela. Sempre acordava ao primeiro ressoar da pedra no metal. Como quem ouve um sino ou um grito perdido. Eternamente a respiração curta e todo o amor do mundo. Depois nem era mais. Mas ainda há tanto. E nem a sisudez que me imponho esconde minha esperança. Porque eu sou feita de uma matéria que não tem fim, nem resseca, nem endurece ou quebra. E daqui a pouco, disso, nem lembrança eu tenho mais.
vocês trazem alegria para esta casa.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

por favor, alguém me dê um remédio controlador de suspiros!

É sério. Eu mereço um prêmio. E um desses prêmios mundiais. O prêmio Nobel de resiliência. Juro. Eu mereço.

E nada de ouvir Los Hermanos, Cazuza ou Edith Piaff! Acabou isso. Ainda bem que estou impossibilitada de ouvir música. Ainda bem.

Pior é que eu canto...


Vocês trazem alegria para esta casa.

sábado, 8 de novembro de 2008

A minha loucura

Oswaldo Montenegro que o diga. Preciso me perdoar. E que seja imediato. Gessinger sabe do que falo. Chico entende e me explicou essa angústia. Preciso de perdão e paciência. Desesperadamente de amor. Infinitamente de cheiro de chuva. Completamente de amnésia. Preciso de mais.

Ludwig conseguiu. Eu não sei fazer odes. Nem poesia, nem prosa, nem canção. Girassóis não valem nada nesse mundo. Eu de mão no queixo e tanta espera.


Vocês trazem alegria para esta casa.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

A dona das horas

Atravessou a rua com a mochila cheia dos sonhos não realizados. Trazia uma pasta com vários dias por viver. E numa bolsa pequena; dentro, uma caixa menor ainda, o seu baú de suspiros. Contava cada passo adiante e sentia no vento o perdão tão almejado. Dormiria em paz naquela noite, embora não fizesse idéia de onde. Seus trinta segundos. Acabara de perceber-se mulher. E era dessas mulheres que todos olham na rua, dessas que não precisam de perfumes fortes, salto alto ou roupas caras. Era uma Marlene Dietrich. E pobre de quem lhe desafiasse o olhar.

Inspirou o primeiro sopro de pôr-do-sol e percebeu-se livre. Andaria eternamente de chinelos se quisesse. Nunca mais trocaria seu vestido longo e florido pela sobriedade do preto. Não usaria mais preto. Seria eternamente um jardim depois da chuva. Era a bailarina do circo. E nenhuma ameaça deteria sua vontade. Um passo após outro, até os próximos cinco minutos, nada mais adiante. Seus planos para o futuro limitavam-se ao cardápio do jantar.

Cantarolava “Bom conselho” e “Trocando em miúdos”, sempre quis ser a “Rosa”, do Pixinguinha e do Chico. Perfumes diferentes. Brilhava os olhos para a boa música. Para espantar os dias passados. O cinza. A certeza de perder. Isso funcionava bem. Sempre funcionou. Cantou mais alto “vou pra rua e bebo a tempestade...”. Era exatamente isso que queria. E por milagre ou por ser início de Abril choveu.

As ruas, calçadas, paradas de ônibus, as pessoas correndo com guarda-chuvas, as crianças aproveitando a vida. Durante a chuva intensa e branca o mundo coloriu novamente. Agora cantava “Quando o carnaval chegar”. Mas ainda é Abril e quase um ano por vir. Ela que nem escolheu o jantar, passa por uma vitrine e escolhe a aliança que adoraria receber. Sim, ela casaria. Em Fevereiro ou Setembro. Embora quase tudo em sua vida tenha acontecido em Agosto ou Novembro. Mesmo que as luzes de Dezembro contem esperança e a preguiça de Janeiro a faça crer no dia seguinte. Ela não sabe nada dos meses, só dos cinco minutos que já estão acabando. Ela que ainda não escolheu o jantar. Sempre fora a dona das horas.



Vocês trazem alegria para esta casa.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

A cerveja dele é sagrada
A vontade dele é a mais justa
A minha paixão é piada
Sua risada me assusta
Sua boca é um cadeado
E meu corpo é uma fogueira
Enquanto ele dorme pesado
Eu rolo sozinha na esteira

(Sem açúcar - Chico Buarque/1975)



Chico. Sempre ele. Ele sempre sabe o que eu quero dizer. E ele sempre diz.




Vocês trazem alegria para esta casa.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Sem cor ou forma

Não era Edgar Allan Poe, mas fez um retrato. Pintou o fauvismo e o expressionismo nos olhos que depois não reconheceria. Diluiu a tinta em manhãs de chuva, lavou os pincéis com o que ela chorou. O mundo é irreversível.

Um presente de grego invadiu minha casa. Fez-se perdido e eu, que gosto muito de Chico e de cantigas de roda, estendi-lhe a mão. E a roupa. Dei o riso e a paz que tinha. Ofereci o que mais precisasse; ele levou minha tranqüilidade. E eu esperei. Não sabia que faria minha dor de vermelho e minha saudade, amarelo. Não sabia que esperança perdida ficava azul. Dos meus sonhos, a mistura, algo entre o pôr-do-sol em setembro e o amanhecer de março. Dei-lhe minhas cores e letras. As últimas primeiro. Ele era um homem de palavras e precisava das minhas para construir uma escada. Eu o ajudei. Entreguei degraus com histórias que ele já não lia. Afinal quanto mais alta a escada, mas distante de mim e das minhas letras. Saí do meu mundo sem verbo. E me permiti o mundo novo que me era oferecido. E nem era.

Já que havia espaço de sobra em mim. Enchi-me de qualquer sobra que desse. Até não caber mais mágoa. Infelizmente o desespero é uma semente miudinha. Dessas que passam despercebidas. Dessas que crescem num segundo e são como baobás em um pequeno asteróide. Dessas que destroem a vida inteira antes que se aqueça o rosto. E eu caí. Ainda não encontrei nenhum pote de geléia de laranja pelo caminho. Agora, depois de alguns dias de queda, tenho quase certeza de que não estou indo ao País das Maravilhas. Guardo o “quase” para não ter tanto azul nessa tela.

Desejava simplesmente que ela permanecesse quieta. Queria terminar a tela e isso já ocupara demais o pouco tempo que tinha. Havia muito a ser feito, haveria sempre algo muito importante e inadiável a ser feito. Não custava nada esperar um pouco. Estava cansado de incompreensão e cobranças. Era imperdoável. Não precisava disso. Virou as costas e pronto. Já não eram necessárias tantas palavras assim.

Subiu até o degrau mais alto. Percebeu um hífen que não dera importância antes. Gostou dele. Olhou para baixo, mas a escada era muito alta. Tão alta que já não via mais a moça da tela. Já não lembrava porque a escolhera nem porque ainda carregava aquela figura emoldurada; parecia que estava presa. E assim considerou ser. E por ser livre soltou a moça. Ficou vendo a queda sem lembrar mais de nada. Não, não precisava de peso algum. A escada era alta e finalmente ele tinha o mundo todo nas mãos. Pelo menos um pequeno mundo sem verbo que ele, sem querer, já nem tinha mais. Caiu junto com a última pincelada de azul, quando ela deixou o “quase”.
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Vocês trazem alegria para esta casa.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

De mão no queixo e tanta espera

E tudo se resume em nós. Os nós dos dedos e o desatar de antigas amarras. É setembro indo embora. Os ipês dançam e vestem as calçadas de amarelo ou roxo. Quase nunca branco. Nem flor de ipê nem nuvem. O céu dói de tão azul. É quase cinza. Como quase tudo na vida. É quase amor e quase saudade. A Roda. E eu sentada na varanda arrematando os nós do meu bordado.


Você trazem alegria para esta casa.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Suspiro

Amei tanto. Tanto. Desses amores de suspirar e fazer rir. Amei muito. Em março tinha certeza que as chuvas vieram regar esse amor bom. E a chuva cantou em minha janela. Eram lindas manhãs. A cada dia uma cor nova. Abril trouxe curvas sem fim. Maio e seus ventos. Mais uma vez os ventos de maio. E o dia cheio de pólen me fez espirrar e sorrir. Os dias passam sem piedade alguma e o que foi real é sonho novamente.

Eu de mão no queixo e tanta espera. É tudo saudade. Eu sei. Adoraria continuar enchendo o mundo de suspiros. Mas agora preciso de açúcar, claras em neve e limão.



Vocês trazem alegria para esta casa.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Os meus trinta segundos

Eu de tanta Terra do Nunca, fechei a janela.

É difícil. Muito. E o ranger desse fim me canta tristeza. Marejo os olhos. E me perco no embalo das ondas de uma saudade que não é minha, que eu não tenho, do que eu não conheço ou vivi. Eu de mão no queixo e tanta espera.

Sonhei com girassóis, seda pura e gazar. Havia jasmim-laranjeira, riso e fitas de todas as cores. E dança e boa música também. Havia, sobretudo, Botticelli. Pareceu a vida inteira. Nem foi. Eu de mão no queixo e tanta espera.



Vocês trazem alegria para esta casa.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Meu sonho tem cheiro de tarde de chuva e me traz gérberas na madrugada

"E no seu apartamento
Ela se esquecia de tudo
Não havia contratempo
Ela segurava o seu coração
E largava as roupas pelo chão..."
(Princesa - Ludov)


Eu escuto mesmo é o que gosto...


Vocês trazem alegria para esta casa.

terça-feira, 15 de julho de 2008

"Mas fica, meu amor
Quem sabe um dia
Por descuido ou poesia
Você goste de ficar"
(Fica - Chico Buarque/1965)



Estou aprendendo...
Ocupo meus dias e noites.
E de saudade imensa faço quase saudade.
Porque de tanto "quase" é que eu me faço tua.




Vocês trazem alegria para esta casa.


terça-feira, 24 de junho de 2008

"não tem coração que esqueça"

Quero descobrir meu caminho nas espirais desenhadas em tua mão. Desejo que as cores do meu dia venham do teu riso, que o som da minha paz tenha teu cheiro. Trago medo do que não conheço e pavor imenso do que me aconteceu. Preciso de paciência. Muita. Comigo e para mim.

A esperança de janeiro. O tanto tempo. Quero o suspiro de fevereiro. O pulsar mais uma vez. E que todas as manhãs tenham o cinza da saudade em março. Quero as curvas de abril me guiando a vida inteira. Os ventos de maio! Desesperadamente os ventos de maio. Anseio pelas fogueiras de junho. O muito. As lembranças mais antigas do que poderiam ser minhas. Julho, quando a Roda começa a mudar. Os laços. Os nós. E nós precisamos desse caminho também. Agosto de início e medo. Os primeiros passos. Em falsos quereres. As horas sem fim. É setembro e o céu anuncia a incomensurável beleza do azul. E me visto de azul. E sou azul. Porque é de desejo, calor e primavera que me faço toda amor. Em outubro a certeza do fim. E todo fim é triste. Enfim. As folhas caindo me lembram disso. Novembro de começo e mais uma vez e sempre. Em novembro o ar é outro. O suspiro preso. O muito por fazer. E de amor e certeza faço minhas tardes. Em dezembro pequenas vendedoras de fósforos espalham caridade em janelas fechadas. E eu sou riso, suspiro e mar a vida toda.

Para me perder em mim. Te iluminar. Me aceite. Me receba. Me acenda.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

4015 ou quase isso.

E se eu dissesse o que mareja meus olhos e quebra meu suspiro?
Os muros de mim são altos.
Isso não é uma hipérbole.






Vocês trazem alegria para esta casa.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Do que eu não falo



Esperei a vida toda. Tanto tempo que só meu mundo sem tempo mensura. As minhas hipérboles sem fim. E de tanto amor que tenho, desisto. Não consigo. Não sou metade. E se sou, sou só metade. Só.

Melhor agora que depois. Tenho uma pressa imensa. O fim. Sempre. Gosto de segurança. Da minha tranqüilidade. E pouco me importa o quanto eu vou perder. Eu perderia. Eu sei. Questão de tempo. Eu que não sei contar o tempo. Pouco me importa o relógio. Eu sou a dona das horas.

Quero que me recitem Vinícius. Quero girassóis. Quero ter meu dia de Flora. Quero meu Oberon.

É difícil isso?





Vocês trazem alegria para esta casa.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Eu I





Não, nem é amor.
Isso que me consome o tempo e me balança o pé.
A urgência, a saudade imediata.
Eu sei, o suspiro, o calor e a música. Nada disso é amor.
O amor sou eu.





vocês trazem alegria para esta casa.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

O ciúme e o vento




O ciúme cerrou meus lábios e meus punhos.
Findou meu bom humor.

O ciúme declarou-me guerra.
E lá vou eu caçar moinhos...








vocês trazem alegria para esta casa.

terça-feira, 29 de abril de 2008

III

Olhos cor de terra. A conta certa para fincar minhas raízes.

Completamente entregue a esse vício. Eu não consigo mais não ter tuas impressões digitais em mim. Segundos que levam a vida inteira, eu de tanto esperar. Resolvi acabar com isso. Essa palhaçada de esperar... não posso deixar que você, ou qualquer outra pessoa, decida sobre o amor que eu sinto. E, sim, eu te amo. Amo mesmo. Muito. E pronto. Qual o problema? Acabou a inércia. Agora quem decide sou eu.

Tenho três espinhos e o mundo que me aguarde! Eu vou lutar por você.

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Vocês trazem alegria para esta casa.


sábado, 12 de abril de 2008

II

É tarde e eu já fui longe demais. Impossível mais um passo e, se passo o dia sentindo teu cheiro, a noite é maldizendo tua ausência. E isso eu não devo. Não se trata apenas de mais um amor eterno que dura uma sessão de cinema. O que eu sinto me assusta. É o suficiente para fugir dessa história que nem aconteceu ainda. Nem aconteceria, eu sei. Sei também, que você a ama (e não são juras muito bem escritas que me convencem disso). Sempre soube.

É melhor eu me deixar em paz. A paz que eu sinto ao teu lado custa muito. Muito caro, muito tempo, muito risco. Mais uma vez não devo. Eu te amo e o mínimo que espero de mim é que te ajude a encontrar tua felicidade. Não quero mais escrever cartas no meio da madrugada enquanto você está em outra companhia (quero passar madrugadas inteiras aquecendo meus pés nos teus). É uma piada sem graça cada instante de ausência. E eu gosto mesmo é de rir. Agora lembro de como é bom rir contigo e mais um bendito suspiro me ocupa o peito. Sou arrogante demais para mover uma palha. Sou pessimista demais para apostar em mim. Sou mais sonho do que qualquer realidade poderia suportar. Lutaria por você com unhas e dentes, se não fosse eu. Mas infelizmente eu acredito só um pouco no amor... e acredito mais na parte que dá medo.

Covarde o bastante para escrever essa enxurrada de engasgos e não te mostrar uma linha. Eu de nunca entregar cartas... disso você sabe. É que eu me habituei rápido demais a tua presença. Você sempre enche a casa, a cama e meu coração. Meu coração já te trazia há dias, antes de você encher minha sala com botas e cheiro de cigarro. Minha cama você ocupou por último, mas o fez de uma maneira tão encantadora que me dá vergonha das lembranças de antes. Eu só queria mesmo era que você ficasse. Mas não sei prender, não sou assim. E me sobra mais saudade dos dias que eu não vou passar contigo. Por ser inerte, por passar tempo demais com a mão no queixo. Por esperar demais.

Não sou feita de matéria para o amor. Não para esse cotidiano, de esperar retorno, de atribuir responsabilidades graves demais. Quero um amor que me deseje bom dia e que fique ao meu lado enquanto sigo meus caminhos. Quero alguém que vá comigo buscar minha felicidade. A droga do Conta Comigo que eu não vou esquecer nunca! Não é justo esperar que alguém a traga (a minha felicidade), embrulhada em papel celofane laranja. E infelizmente, é impossível. Não conheço ninguém, além de mim, que acredite nessas utopias sobre amor de doação. Portanto, eu acho que não acredito no amor. Quer saber? Mesmo? Acredito sim. Acredito desesperadamente no amor. Principalmente no meu. É disso que sou feita. De amor devoto. Como os girassóis. Mas é muito pouco ter companhia. Sou exigente demais. Sempre saboto meus relacionamentos e essa carta (que, obviamente, você não vai ler nunca) é mais uma prova. Mas eu queria mesmo era que você ficasse. E essa ladainha toda é pra te provar que eu sou tua.

A resposta para a droga da tua pergunta cretina é: sim. E eu não consigo fazer porra nenhuma pra mudar isso. E ainda assim, mesmo que não seja do meu jeito, mesmo que não seja amor, eu queria muito que você ficasse. Porque eu sou o supra-sumo da falta de auto-estima. E me contento em te dar as chaves da minha casa. E quem vai se ferrar nessa história toda sou eu. Mas eu sempre soube. E quer saber? Foda-se (já falei que sobra pra mim?). Eu vou te amar até colorir o mundo. Eu sei que vai valer a pena. Para mim, vai valer muito a pena. Desde que você fique, é claro.
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Vocês trazem alegria para esta casa.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

convocatória


Vocês trazem alegria para esta casa.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Teresina, 23 de março de 2008.

Não consigo. Definitivamente, eu não posso fazer nada. Um medo imenso, maior do que a esperança que eu sinto, resolveu fazer ninho em minha cabeça.

Meu coração pulsa motivado a mudar o mundo desde ontem. Mas o resto de mim tem medo. Eu de todo o amor sem fim.

Tua. A pele, o cheiro, o amor. Tua, sim. E eu só espero que me aceite. Peço com os olhos, com o corpo inteiro, mas me falta voz. O medo fez ninho em minha garganta também. Queria ter dito do meu amor. Da felicidade imensa e da gratidão que eu sinto pela vida recebida novamente. Adoraria ter dito entre suspiros que voltei a ter fé. Teria feito declarações de amor como quem reza, mas o medo, senhor da situação, me calou.

Esperei por muito tempo para ouvir o que você disse. Foi a primeira vez que eu escutei “eu te amo” e não “eu também”. E isso me faz fechar os olhos e tremer até agora. Sempre tive muita pressa, dizia o que queria sentir e não o que sentia. Talvez por isso nunca tenha acreditado no amor. Bom, eu acredito no amor... acredito mesmo... como todo mundo acredita um pouco, e sai distribuindo um pouco de amor pelo mundo. Mas é essa a questão: o amor pouco. A troca. E isso eu não sei fazer. Já passei por muitas e terríveis. Algumas ainda doem. E vão doer enquanto eu estiver aqui. Mas, com a dor, aprendi a conviver. Com o amor, ainda não.

Eu te amo. Muito. Amei antes tuas letras e a magia nas linhas feitas. Depois amei os olhos e as mãos, exatamente nessa ordem. Mas já amava a presença e não sabia. A saudade que me contou. Amo o riso. O calor. Amo o abraço. E de lembrar da minha cabeça em teu ombro, mais um suspiro por não te ter agora. Você, o meu baú de suspiros.

E enquanto escrevo, lembro dos muitos avisos para cuidar de mim. Não deixo de pensar nisso um minuto. É um pouco tarde agora. Não consegui; espero que você o faça. Agora que sou tua, e a cada linha escrita passo a ser ainda mais. Espero que você o faça. Ou me diga qual o outro caminho.

É meu e livre, o amor que ofereço. Sim, ofereço; não espero retribuição. Sei das tuas escolhas e espero, muito, que todas estejam certas. Desejo tua felicidade tanto quanto desejo a minha. Por isso me preocupo também. E só eu sei como anda meu coração depois que parte dele está contigo.
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Vocês trazem alegria para esta casa.