segunda-feira, 31 de agosto de 2009

"Você me abre seus braços e a gente faz um país"

Os ipês floriram.
A primavera chega já.
E eu suspirando pelo azul de setembro.
Porque todo esse calor espalhado no mundo sou eu.


Vocês trazem alegria para esta casa.

domingo, 23 de agosto de 2009

36 certinho

Não tem nome, nem razão ou justificativa, nem motivo ou fundamento, não tem tempo nem limite, não acaba nunca porque não começou. Simples, livre, suave, intenso. Sem necessidade e por vontade demais. Todo amor do mundo, toda a urgência do mundo. Um caminhão desgovernado ladeira abaixo. A única certeza é a inconstância. Mais riso que suspiro. E é tão bom, tão doce, tão surreal. Num segundo impressionismo e no seguinte fauvismo em profusão. Eu, completamente entregue. Dele. A justa medida da cessão. Ele não sabe o quanto. Ainda bem. Voltei a ser dança. E ele é meu palco. Meu altar sem me prender.


Vocês trazem alegria para esta casa.

sábado, 15 de agosto de 2009

Porque sou ufanista do bem, apaixonada por minha terra ou simplesmente: Feliz aniversário, Teresina

Teresina fica bonita para chover e namora Timon. Teresina é mocinha, dessas que vão ao Centro no sábado pela manhã com vestido de algodão. Desses vestidos que dançam com o vento fazendo a moça de salão. Desses salões que enchem o Centro e que estão cheios de homens ansiosos por moças, vestidos e ventos.

Teresina espera o sol baixar e vai para a porta da rua. Sentada numa cadeira de espaguete pintas as unhas dos pés enquanto imagina o colorido da vida alheia. Cordial e solícita sempre responde com aceno de cabeça e um murmúrio às mãos erguidas e aos “boas tardes” que recebe. Levanta de sua cadeira e responde com civilidade e preguiça sempre que lhe perguntam por este ou aquele caminho. Teresina não tem pressa porque é moça. E moças gostam de achar bonito a vida passando. E é linda a vida que passa no reflexo dos rios quando o Sol cansa de fazer calor e começa a ajeitar a cama.

Teresina tem o céu mais azul do mundo. Feito do azul mais bonito do mundo. Mais azul que os olhos de minha mãe. Tão azul e tão lindo que dói. Dói, encanta e dá medo. Em setembro a beleza é tamanha que o suspiro e a vista marejada acalmam o medo de perder-se em arrebatamento àquela imensidão azul e perfeita. De tanto azul, o Sol, antes de deitar, estende uma colcha púrpura no céu para convencer a Lua de que a noite vai ser boa. A Lua aceita o convite e vai misturando suas tintas àquele espetáculo surreal. Tem dias que Teresina, de tanto querer praia, faz uma no céu. Uma praia de cabeça para baixo feita de nuvens que parecem fugitivas da carrocinha de algodão-doce. Fico imaginando quantas garrafas Teresina trocou para fazer uma praia como a que se vê.

Teresina reclama de calor a vida toda. Todo ano diz que vai morrer entre setembro e novembro, mas basta uma chuva, uma intempérie que derrube os termômetros aos gélidos 29 graus, para Teresina vestir todas as mangas compridas do armário e reclamar dos condicionadores de ar. Teresina muda de cor infinitas vezes. Em janeiro veste-se de ano novo e quase tudo é branco. Até a névoa do início da manhã. Em maio veste-se de vento e as pipas ocupam o céu antes das andorinhas chegarem. Em setembro é amarela de calor e ipê. Teresina tem cheiro de caju e manga pela manhã e à noite cheira a jasmin-laranjeira. Tem gosto de suco, pão de queijo, panelada, sarapatel e bolo frito. Teresina dorme depois do almoço e gosta da noite.

Teresina trabalha muito. Estuda sempre que pode e quando não tem tempo de viver sua vida acha graça na felicidade dos outros e chora as perdas mesmo que não sejam suas. Reza sempre e as terças vai à novena. Teresina tem pena de cachorro de rua e enche os restaurantes de gatos. Oferece uma parte de tudo o que come e morre de ódio se lhe pedem o último pedaço.

Teresina canta bem e a música embala nosso balé cotidiano. Porque é de dança, beleza, arte e calor que esse povo vive de fé e ciranda. Esperando descer no rio uma oportunidade melhor e mais brisa.



Vocês trazem alegria para esta casa.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

O último dia de 1999

Piscou os olhos e limpou a vista. A causa da pouca visão escorreu-lhe pelo queixo. Uma linha úmida mostrava o caminho percorrido em seu rosto. A mão tentava apagar os rastros e corrigir a maquiagem. Piscou os olhos mais infinitas vezes. Para espantar a lembrança. Para agarrar-se a parcimônia. Ergueu o rosto e impôs-se retidão, na coluna e nos dias vindouros. Porque seria impassível, imutável, irredutível, inflexível e inabalável. Empunharia segurança e faria suas parcas certezas de escudo. Tinha três espinhos e o mundo inteiro para vencer.


Vocês trazem alegria para esta casa.

domingo, 9 de agosto de 2009

Ariadne

A lua vermelha de ontem me incendiou a vida toda. Quero o avesso do por do sol. Muito mais que as 43 vezes do Pequeno Príncipe. Eu que já fui toda a esperança do mundo, hoje quero pequenas certezas imediatas, muito riso e cheiro de fevereiro. E é com esse fio que marco o caminho de volta.




Vocês trazem alegria para esta casa.

sábado, 1 de agosto de 2009

Agora que as andorinhas chegaram

Entre a barra da saia da moça

E a barra da aurora do dia

Há um pequeno espaço

Que guarda o mundo

Em tempestade e harmonia.

Vocês trazem alegria para esta casa.