sábado, 19 de setembro de 2009

A letra "A" tem teu nome

Não precisamos de apresentações, permissões e paciência. Não nos é permitido cobrança, esperança e crença alguma. Temos o infinito dentro dos olhos e um relógio quebrado que pulsa numa velocidade incrível, mas que não deixa o tempo passar.

Não me culpo e jamais farei isso. Sou dele. E quando assim sou ele me faz linda, musa, eterna. Ele vem e desfaz meus limites, desata os nós e ficamos nós dois juntos. Unidos por um elo tão perene e tenaz que nem eu sei o quanto. Porque fomos moldados como um par. Peças completas de encaixe perfeito. Somos água e moinho. Por mais que eu siga mundo afora ou que ele também seja movido por vento. Eu me perco e ele se deixa levar; mas juntos, ah, juntos nós cantamos. E é essa música, nossa, infinita e inaudível. Que me mantém atada a uma liberdade tão grande, tão insubmissa e desafiadora que a Ausência morre de medo do meu riso. E eu posso descer essas escadas empunhando a mais pura felicidade plantada nessa história.

Sendo dele sou Bouguereau, Tadema, Waterhouse e Modigliani. Sou Vinícius, Ferreira Gullar e Chico. E só meu cabelo molhado, meus óculos e essas unhas recém vermelhas entendem porque eu me mantenho cheirando a jardim em manhã de chuva. Agora já não luto. Aceito esses pedacinhos de paraíso com resignação e sem nenhum por quê. É nesse amor que eu guardo as ilusões que me permito. É desse amor que tiro a certeza de todos os outros amores que conheço e conhecerei um dia. Eu sei que ele nunca virá em um cavalo branco, não preciso. Eu sou meu final feliz.

Vocês trazem alegria para esta casa.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

é de "bom dia" que faço minha madrugada

Sou cheiro de fevereiro de dentro pra fora. Embaixo da pele. Entre as camadas de um ser que sou eu, mas não conheço.

Porque é matemático, físico, cientificamente exato. É calculadamente surreal. Eu sou toda labirintos e portas. Ele é meu fio e chaves infinitas. Sinteticidade: o meu jardim secreto. É a suavidade nos detalhes, a sutileza das impossibilidades e a intensidade na vontade que me encantam incomensuravelmente.

Eu, completamente entregue, apaixonadamente submissa. Eu: dele. Por todo o tempo do mundo, ou pelos cinco minutos que equivalem a isso. E é de eternidade efêmera que construo essa equação, que não vale nada, mas tende ao infinito.




Vocês trazem alegria para esta casa.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

"Princesa, olhos d'água"

Aquela moça ali sentada, balançando os pés e com o cabelo misturado ao vento me disse que ficaria de vez se eu a fizesse livre. Disse que faria laços na brisa e se prenderia a mim se eu lhe tirasse os grilhões. Ela disse que daria ao meu mundo quantas cores eu quisesse e que os cheiros e sons seriam suaves e enternecedores. Me disse que ela teria o sabor que melhor me coubesse e que seria tão minha que eu não me reconheceria distante dela. Mas eu tenho medo. Sempre penso que ela tenta me encantar para fugir. Como uma sereia ou outro ser mágico.

Assim eu fico sem ela enquanto ela me tem. Fui preso pelo meu medo. E morro de amor e saudade daquela que eu sempre vejo, que me habita e que eu nunca tive.

Vocês trazem alegria para esta casa.