sábado, 12 de abril de 2008

II

É tarde e eu já fui longe demais. Impossível mais um passo e, se passo o dia sentindo teu cheiro, a noite é maldizendo tua ausência. E isso eu não devo. Não se trata apenas de mais um amor eterno que dura uma sessão de cinema. O que eu sinto me assusta. É o suficiente para fugir dessa história que nem aconteceu ainda. Nem aconteceria, eu sei. Sei também, que você a ama (e não são juras muito bem escritas que me convencem disso). Sempre soube.

É melhor eu me deixar em paz. A paz que eu sinto ao teu lado custa muito. Muito caro, muito tempo, muito risco. Mais uma vez não devo. Eu te amo e o mínimo que espero de mim é que te ajude a encontrar tua felicidade. Não quero mais escrever cartas no meio da madrugada enquanto você está em outra companhia (quero passar madrugadas inteiras aquecendo meus pés nos teus). É uma piada sem graça cada instante de ausência. E eu gosto mesmo é de rir. Agora lembro de como é bom rir contigo e mais um bendito suspiro me ocupa o peito. Sou arrogante demais para mover uma palha. Sou pessimista demais para apostar em mim. Sou mais sonho do que qualquer realidade poderia suportar. Lutaria por você com unhas e dentes, se não fosse eu. Mas infelizmente eu acredito só um pouco no amor... e acredito mais na parte que dá medo.

Covarde o bastante para escrever essa enxurrada de engasgos e não te mostrar uma linha. Eu de nunca entregar cartas... disso você sabe. É que eu me habituei rápido demais a tua presença. Você sempre enche a casa, a cama e meu coração. Meu coração já te trazia há dias, antes de você encher minha sala com botas e cheiro de cigarro. Minha cama você ocupou por último, mas o fez de uma maneira tão encantadora que me dá vergonha das lembranças de antes. Eu só queria mesmo era que você ficasse. Mas não sei prender, não sou assim. E me sobra mais saudade dos dias que eu não vou passar contigo. Por ser inerte, por passar tempo demais com a mão no queixo. Por esperar demais.

Não sou feita de matéria para o amor. Não para esse cotidiano, de esperar retorno, de atribuir responsabilidades graves demais. Quero um amor que me deseje bom dia e que fique ao meu lado enquanto sigo meus caminhos. Quero alguém que vá comigo buscar minha felicidade. A droga do Conta Comigo que eu não vou esquecer nunca! Não é justo esperar que alguém a traga (a minha felicidade), embrulhada em papel celofane laranja. E infelizmente, é impossível. Não conheço ninguém, além de mim, que acredite nessas utopias sobre amor de doação. Portanto, eu acho que não acredito no amor. Quer saber? Mesmo? Acredito sim. Acredito desesperadamente no amor. Principalmente no meu. É disso que sou feita. De amor devoto. Como os girassóis. Mas é muito pouco ter companhia. Sou exigente demais. Sempre saboto meus relacionamentos e essa carta (que, obviamente, você não vai ler nunca) é mais uma prova. Mas eu queria mesmo era que você ficasse. E essa ladainha toda é pra te provar que eu sou tua.

A resposta para a droga da tua pergunta cretina é: sim. E eu não consigo fazer porra nenhuma pra mudar isso. E ainda assim, mesmo que não seja do meu jeito, mesmo que não seja amor, eu queria muito que você ficasse. Porque eu sou o supra-sumo da falta de auto-estima. E me contento em te dar as chaves da minha casa. E quem vai se ferrar nessa história toda sou eu. Mas eu sempre soube. E quer saber? Foda-se (já falei que sobra pra mim?). Eu vou te amar até colorir o mundo. Eu sei que vai valer a pena. Para mim, vai valer muito a pena. Desde que você fique, é claro.
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Vocês trazem alegria para esta casa.

2 comentários:

Biani Luna disse...

nooossaaa! =~
só uma coisa:apenas não se anule!!

Arianne Pirajá. disse...

claro que pode! vou fazer o mesmo!!!
beijos.