segunda-feira, 11 de junho de 2018

Eita (24/10/2017)


Recebeu suas letras de volta e trocou o nariz. Guardou tudo em fonte sem serifa tamanho sete. Caracteres miudinhos como seus olhos. Os cheiros lhe ocupavam a caixa torácica. Pulmões, coração e soluços. Tinha um diafragma que sucumbia a primeira taça de espumante. Uma bendita memória olfativa que lhe derretia as pernas. Encontrou o Gato de Cheshire na lua e até a caixa do supermercado (sempre amarga) lhe mostrou doçura ao embalar uma planta. As duas dividiram um sorriso, inimaginável até então. O título e o texto deveriam ser palavrão como o carimbo com tinta vermelha, que poderia ser alforria, mas é algoz. Covarde. Fala verdades como quem mente, porque sabe que a exposição é o melhor esconderijo. O sol cega. Distribui sinceridades virtuais, mas decora cílios, marcas de expressão e outros detalhes enquanto finge que olha nos olhos. Agradece a miopia. Usa lentes corretivas como armadura. A verdade é que usa tantas armaduras que sem elas é invertebrada. Lua em Câncer. Pisciana com P de paciência. Ou preguiça.


Vocês trazem alegria para esta casa.

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