Não era princesa nem boneca. O oposto da Barbie. Não era alta nem magra. Nem tinha carrão, casa com cara de castelo, nem um super namorado gostoso. Não era mulherão. Não usava salto ou maquiagem. Nem roupas de grife ou perfumes caros. Não freqüentava salão de beleza nem pintava as unhas de vermelho. Também não tinha unhas compridas e bem feitas. Roeu as unhas a vida toda. Tinha as mãos pequenas e os dedos curtos. Mal cobriam o braço de um baixo. Quis tocar baixo ou bateria. Nunca aprendeu. Como não aprendeu inúmeras outras coisas. Não aprendeu a desamar nem a ter parcimônia. Tudo era hipérbole. Se ela fosse um eufemismo seria: “hipérbole”. Se fosse uma hipérbole seria: ”super nova”. Construiu um mundo de amor. Amou tanto que encheu o mundo com amor e não sobrou espaço pra mais nada. Nem pra criatura amada. Nem pro caminho de volta. Por isso aprendeu a voar. Dizem que foi vista misturada a nuvens cor-de-rosa, dessas que parecem areia, quase uma praia de cabeça pra baixo pendurada no céu. Aposto que a essa hora já escreveu poesia na nuvem/areia, banhou os pés no céu azul de Teresina e armou uma rede entre as estrelas. Posso até vê-la: livre, os cabelos destrançados e os pés em ponta, pronta pra dançar...
Vocês trazem alegria para esta casa.
5 comentários:
Obrigada pelo encantamento.
Belíssimo!!!
Vc escreve muito bem. A impressão que temos ao ler o que vc relata, é que estamos vivenciando a cena. Menina, sai do casulo, vc é esplendorosa, tem que brilhar. Timidez? isto não deve existir em sua vida. Exponha-se e brilhe, vc é um sucesso!!.
"quase uma praia de cabeça pra baixo pendurada no céu." > sempre tenho essa impressão em alguns céus, mas nunca tinha pensado tão simplesmente em descrever assim > suas palavras me conduziram a decifrar um sentimento em mim.
bjs no coração!
Já chorei após ler:
A Hora da Estrela - Clarice Lispector
Dezembro no Bairro - Lygia Fagundes Telles
A Roda e a Estrela - Aline Chaves
Obrigada, Aline
Você traz sentimento a esta casa :D
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