Não lembro exatamente a primeira vez que o vi, nem se conversamos. Sei que a fama chegou antes e eu sempre fui retraída perto de “famosos”. Lembro que muitas pessoas gostavam de dizer: “ah, ele é meu amigo” ou “sou amigo dele”, bom... ele sempre foi um pouco troféu dos outros, embora a vitória passe muito longe disso. Sou fascinada com a capacidade que ele tem de atrair pessoas, ainda hoje observo como isso ocorre: uma lâmpada de poste em noite depois da chuva. As pessoas orbitam ao seu redor e sempre há mais gente para falar com ele (e mais gente ainda falando dele) normalmente para pedir algo: “desenha isso pra mim”, “ô cara, quebra essa”, “preciso que tu resolva isso”, “me ajuda nisso”. E ele sempre responde que sim, em 70% das vezes com um meio sorriso e um meneio de cabeça, nas outras vezes ele pode dizer que sim como quem diz não, mas sempre acaba ajudando quem pede. Ele sempre me ajudou em tudo, e nada que eu diga ou faça pode expressar minha imensa gratidão. Talvez por isso eu escreva sobre ele agora, para agradecer por ele existir.
Conto com ele tanto e há tanto tempo que conto o passar dos anos em seu rosto. Ele foi meu professor, meu chefe, meu padrinho de casamento e é meu irmão. Foi ele quem me deu as havaianas que calço todos os dias e um faqueiro (escândalo!!!) que deixarei para meu filho (quando ele casar), isso sem contar os livros, sorvetes, bolos, trabalhos, sonhos realizados, planos mirabolantes, risos, pizzas, sushis e tantas outras coisas que nem sei o que.
Ano passado comecei uma carta que não terminei e esse texto está sendo escrito há mais de um mês, ainda assim o palitinho na minha tela continua esperando mais um caractere que parece esconder-se da minha capacidade de tornar legível esse amor. Pelo mesmo motivo é que escrevo muito pouco sobre meu filho e meu marido. Exposição não é algo fácil para mim. Mas hoje eu preciso falar dele. Preciso registrar essa amizade no papel, na rede mundial de computadores, na minha vida, na minha fé.
O melhor é como ele me economiza, eu não preciso falar nem ouvir, nem fazer nada; nem ele precisa. Basta que ele exista. Basta que eu o veja. Basta que ele continue ali equilibrando meu mundo. Basta que eu saiba que sempre que precisar ele estará lá e assim posso acreditar na perenidade das coisas que me são valiosas. Se eu tiver uma decepção dessas que turvam a vista e travam a garganta eu sei que assim que eu o vir tudo se desfaz em calor e segurança antes mesmo dele me abraçar. E é esta sensação que me parece impossível de descrever. Como prender em letras esta amizade que já sustentou minha sanidade inúmeras vezes? Este amor gratuito, sem vínculo sanguíneo, sem necessidade de compensação ou troca. Basta que ele esteja ali, do outro lado da mesa de jogo, da mesa de trabalho, da mesa de jantar, basta que ele esteja do outro lado do telefone, da caixa de e-mails, aqui do lado no sofá. Basta saber que eu já o vi de cabelo comprido, curto, quando ele ainda não tinha nem um cabelo branco e que eu o verei quando não restar mais nem um fio de outra cor.
Porque nós somos a mesma metade de laranjas diferentes, porque ele é um espelho, um porto, um abraço seguro e o maior coração do mundo. Por isso eu o amo e sou muito, muito grata pela sorte imensa de tê-lo conhecido, mesmo que eu não lembre o dia.
Você, Zorbba, traz muita alegria para minha casa^^