Não precisamos de apresentações, permissões e paciência. Não nos é permitido cobrança, esperança e crença alguma. Temos o infinito dentro dos olhos e um relógio quebrado que pulsa numa velocidade incrível, mas que não deixa o tempo passar.
Não me culpo e jamais farei isso. Sou dele. E quando assim sou ele me faz linda, musa, eterna. Ele vem e desfaz meus limites, desata os nós e ficamos nós dois juntos. Unidos por um elo tão perene e tenaz que nem eu sei o quanto. Porque fomos moldados como um par. Peças completas de encaixe perfeito. Somos água e moinho. Por mais que eu siga mundo afora ou que ele também seja movido por vento. Eu me perco e ele se deixa levar; mas juntos, ah, juntos nós cantamos. E é essa música, nossa, infinita e inaudível. Que me mantém atada a uma liberdade tão grande, tão insubmissa e desafiadora que a Ausência morre de medo do meu riso. E eu posso descer essas escadas empunhando a mais pura felicidade plantada nessa história.
Sendo dele sou Bouguereau, Tadema, Waterhouse e Modigliani. Sou Vinícius, Ferreira Gullar e Chico. E só meu cabelo molhado, meus óculos e essas unhas recém vermelhas entendem porque eu me mantenho cheirando a jardim em manhã de chuva. Agora já não luto. Aceito esses pedacinhos de paraíso com resignação e sem nenhum por quê. É nesse amor que eu guardo as ilusões que me permito. É desse amor que tiro a certeza de todos os outros amores que conheço e conhecerei um dia. Eu sei que ele nunca virá em um cavalo branco, não preciso. Eu sou meu final feliz.
Vocês trazem alegria para esta casa.